Por muitos anos, o hidratante em gel foi o queridinho tanto dos consumidores quanto das maquiadoras. Com sua fórmula leve, de rápida absorção e toque refrescante, ele parecia ser a solução ideal para todos os tipos de pele — especialmente em um país de clima tropical como o nosso. Não demorou para conquistar de vez quem sofria com o calor e buscava hidratação sem pesar.

No entanto, com o tempo, o hidratante em gel começou a perder protagonismo. O avanço da indústria dermocosmética trouxe novas fórmulas, ainda mais completas e multifuncionais, que passaram a oferecer benefícios adicionais, como ação antienvelhecimento, controle de oleosidade e proteção contra poluição. Então, o que antes parecia a solução de todos os nossos problemas foi percebido como um tratamento muito superficial e que deixava a desejar, principalmente em peles mais sensibilizadas e rotinas de skincare com demandas mais complexas.

Os consumidores começaram a perceber que a leveza extrema dos géis nem sempre era suficiente para manter a hidratação da pele a longo prazo, e, ao longo do dia, a pele começava a repuxar e a maquiagem a perder durabilidade.

Com a ascensão de tendências como o skinimalism e o uso de ativos mais potentes, como ácido hialurônico, ceramidas e niacinamida, os hidratantes em creme ou sérum passaram a ganhar espaço por entregarem resultados mais visíveis e sensoriais mais sofisticados. Essa tendência também incentiva o uso de produtos mais completos por ter como uma das características mais fortes a simplificação dos passos do skincare, favorecendo a constância em estabelecer uma rotina de cuidados.

Quem aí nunca ouviu falar da tão sonhada maquiagem blindada? Presente em 10 de 10 tutoriais de maquiagem, o desejo por uma pele absurdamente resistente fez todos os profissionais e as amantes de uma maquiagem bem feita reverem as etapas de preparação de pele e os produtos utilizados, o que desfavoreceu absurdamente o uso dos queridos hidratantes em gel. Embora tenham sensorial não emoliente e confortável, possuem alta incompatibilidade com produtos à prova d’água e formadores de filme, por possuírem base aquosa, diferentemente da base siliconada, que seria a escolha ideal para esses tipos de produto.

Mas será que, com todas essas considerações, o hidratante em gel se torna uma compra não indicada? Na verdade, esse tema nos traz ao esclarecimento de um ponto fundamental no universo da maquiagem: os produtos devem ser escolhidos conforme a ocasião de uso. Sendo assim, um hidratante em gel pode ser excelente para ser aplicado na pele entre um banho e outro, pode ser excelente para ser utilizado como mantenedor da hidratação da pele — pela manhã, por exemplo, posterior a um skincare bem feito à noite. A pele ultra resistente pode ser incrível, mas será que ela é realmente adequada para todas as ocasiões? Se, assim como eu, você também acha que nem sempre, o hidratante em gel ainda pode continuar sendo seu amigo, desde que você entenda que ele, sozinho, não é suficiente para cuidar da sua pele, por não conseguir comportar uma densidade de ativos de tratamento.